Jun 20, 2009

Quem?
Quando pequena era calada, aos 2 anos mal sabia falar. Observar era minha rotina. Todos os dias no recreio eu olhava pros outros sem parar. Lembro de pensamentos mesmo quando muito pequena. Lembro da unha da minha professora da alfabetização, do suor das mãos do João Cleber, dos óculos da Gabriela, do Cabelo da Manu.
Era gordinha, ou melhor, fortinha como o Garfield, mas não sabia me defender. Tudo que eu sabia era xingar de viado, mas na época isso ainda era xingamento (juro que não era preconceito, eu nem sabia o que queria dizer, só sabia que era minha única forma de ver os meninos ofendidos).
Era (ou pelo menos me achava) a patinho feio. Conheci Deus. Senti, tentei entender, e resolvi apenas ser filha, assim de forma descompromissada. Aprendi a dançar na rua, com as amigas e com o tchan, escondida da minha mãe, claro, que me ensinava o tempo todo o valor de coisas mais profundas. Aos nove embelezei. Me arrumei pro patins e ganhei um coro by Mamonas Assassinas “Mina, seus cabelo é da hora, seu corpão violão..” dos amiguinhos que antes me apelidavam. Aos me onze, tomando banho de chuva na rua percebi que eu não era mais tão menina assim, o rapaz me elogiou e meu coração gelou.
Beijei um menino, mas queria seu irmão. Que confusão. Nem sabia o que estava fazendo. Meu sonho era um surfista. Morava no Icaraí e achava lindo alguém levando uma prancha, sem prancha eu não queria mais.
Fui ficando inteligente. No meio de uma família inteligente e geniosa, precisava do meu lugar ao sol. Então entendi que o negócio era colocar a boca no trombone e falar o que tinha dentro de mim.
Comecei a ir a acampamentos do king kids, que delicia. Aprendi a controlar minhas pernas e braços e a encaixar Deus no meu dia. Minha primeira viagem de avião.
E disso veio várias viagens, várias coreografias, vários amigos, vários aprendizados, vários admiradores. Virei a professorinha! Que idéia feliz.
Namorei, nem sei como nem porquê, mas comecei. Aos treze. Nem queria beijar. Sabia que ia voar.
E voei. Curitiba... Entendi que o era bruxaria, escola pública, rock in roll e cultura européia. Cativei e fui cativada. Ri pra caramba, aprendi jogar futsal e handebol, joguei no time da escola e conheci o Tadeu. Convivi com outros adolescentes, morei em várias casas.
Até chegar no 3° ano, pelas minhas contas foram 17 escolas, uma confusão que eu adorava, era sempre a atração da sala, a novata, sempre a carne nova do pedaço. Essas mudanças me transformaram em um alguém open to world, que barato!
Conheci tanta gente, morei em tantos lugares, habitei em tantos corações. Já ganhei cartas, rolos de homenagem, serenata e carro de som fazendo prova de amor. Amada mesmo.
Descobri a cachaça, o beijo sem compromisso, a festa e a Natacha. Cada descoberta. Fui trabalhar no shopping e peguei trauma. Odeio este lugar.
Descobri o que é fazer amigos em um lugar e ficar. Descobri minha prima. Descobri que eu era profunda. Queria ser antropóloga, socióloga, jornalista, educadora física, dançarina. Isso é que dar transitar em vários mundos. Transformo-me em bacharel em marketing, uma escolha mais ampla digamos assim.
Reggae, praia, sol, mar, curtição, viagem....muita viagem. Aprendi a amar o reggae. A admirar melodias. Reggae francês e africanos são meus prediletos.
A inquietude bate e bufo, caio em Ribeirão Preto. Terra da cana de açúcar. De cafezinho e cigarro. De vida tranqüila e sem assaltos. Do crescer como pessoa e como profissional. Dividir apto com amigas, brigar, fazer as pazes, rir muito, fazer o que quiser e chorar com as contas nas mãos. Dá de cara com o problema e nem pensar em pedir pra voltar.
Pessoas diferentes, comportamentos confusos, descobertas infinitas. Internas e externas. Descobri-me pseudopaty, adoro roupa boa, carro bom, perfume bom, casa boa, cama boa, namorado bom. Não tenho quase nenhum, mas admiro todos. Agora faço unha e cuido do cabelo. Ando de salto e desfilo por ai. Vou pra balada mas nem gosto tanto assim. Adoro filme, viagem, praia, serra, frio, calor. Descobri que amo pão 12 grãos, arroz e hambúrguer integral. Salada e azeite. Gelatina e capuccino. Quanta coisa!
Conheci mais um pouco do Brasil. Hotelaria é quase um sonho. Agora sei andar de metrô em São Paulo, conheci todo o sul, serras frias de SP e suas praias também. Goiânia, centro-oeste, feiras,compras, roupas, sapatos, tudo no preço, já te indico rua boa pra comprar.
Pra repetir, viajar é multiplicar a vida. É ser múltipla mesmo. É ter capacidade de pensar por mais. Se colocar no lugar de mais. Isto renova, transforma.
Vivo até aqui numa esperança absurda no amanhã. Por isto ansiosa. Me controlo todo dia com um mantra quase que budista, tentar pensar no hoje, fazendo o melhor agora, deixar o amanhã por conta dele mesmo. E fazendo tudo de melhor em todos os aspectos. Ensinamento da Maria Fernanda, atual companheira de apto.

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