Jun 25, 2009

Lembrei da sensação que eu tinha quando estava na casa da minha vó.
Pequena, eu olhava muito na janela do quarto, aquele do canto esquerdo, que já tinha acolhido minha tia, meu irmão e agora minha prima. Era natal e eu viajava em pensamentos.
7º andar era alto, podia ver muito da cidade na época.
Eram poucos prédios, muitas casas grandes e um pequeno shopping de esquina, quase em frente a janela, que era nos fundos do apto. O shopping ainda tem.
A noite era linda lá. Escura pra caramba! O que brilhava mais, era as luzinhas dos aptos, as luzes de suas árvores e a decoração do shopping.
Parece que consigo sentir até o cheiro, não sei se vinha da cortina, mas tinha cheiro.
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Eu devia ser bem pequena e amava estar lá.
O corredor para o quarto da minha vó era cumprido, os quartos gigantes (que depois que cresci percebi não eram tão grandes assim), o mármore da varanda era frio, os sofás desenhados, a cadeira da cozinha era retrô (se ainda vivas seriam modernas), a mesa de jantar era de madeira escura e elegante, o espelho estava na sala, os retalhos do quarto de costura nos sacos e o taco em todo chão.
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Mas o que eu mais gostava era mesmo do natal.
A família na primeira sala, entregando o presente do amigo secreto, do afilhado, do filho e da vozinha. Rindo e brincando. Primos pequenos, tios grandes. Presentes divertidos, jantar especial com prato, talher e copo especial. Tudo era muito especial.
E tudo isto, dá muita saudade.

Jun 24, 2009

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Oswaldo Montenegro, minha trilha.
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Batendo pernas
Correr mundo afora
Vitrine do mundo
Lugares à mão
Ir onde seus olhos forem
Seguindo as palavras secretas do seu coração
Descer os rios da vida.
Pegar avenidas, escadas,
Ladeiras, metrôs
Conhecer tudo que é esquina
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Nas águas das linhas estreitas de um ferry-boat
Coração de um mundo inteiro
Um abraço estrangeiro e tão familiar
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Até se encontrar.
(...)

Jun 23, 2009

MVV
Passado a crise do ESCREVER OU NÃO ESCREVER, ou pelo menos, amenizado diante de avaliação da questão financeira mundial x mercado jornalístico, (se antes, com exceção da elite, jornalista já não tinha emprego, nem dinheiro, imagina agora...), vi que, ficou inviável a questão da auto-sustentação (água, luz, telefone, roupa, educação, etc.) com este tipo de profissão, pelo menos por enquanto. Eu agora decidi, vou viver Marketing e ponto, (também pelo menos por enquanto...rs). Vejam que beleza!

Em treinamento na
empresa hoje, relacionado a Recrutamento e Seleção, onde trabalhamos na formatação de alguns cargos, começamos estabelecendo algo basiquéeeerrimo, ensinado por nosso querido mestre Kotler no começo de sua bíblia, que é o MVV (para os que desconhecem, Missão (Razão de Existir), Visão (Onde quer chegar) e Valores (como vai fazer pra chegar lá)). Certo, beleza, toooda empresa que se preze, tem um MVV, isso é básico e imprescindível para termos consciência diária de onde queremos chegar e o que fazer pra conseguir este objetivo. O Plaza Inn tem isto, e eles fizeram questão de pregar em todos os hotéis, em vários departamentos e áreas comuns, contando com a aplicação constante destes, nas atitudes e comportamentos dos seus colaboradores, e o pior (melhor quero dizer), que isto vai pra mente mesmo e assombra (no melhor sentido da palavra), tudo que fazemos.


Bem, mas não é bem do Plaza Inn que quero falar...é mais que isto. A ‘brincadeira’ que fizemos neste treinamento depois de avaliar o MVV da Rede foi a grande sacada. Então vamos lá, que tal estabelecermos um MVV pras nossas vidas, com nosso “Onde queremos chegar”, nossa “Razão de Existir, objetivos” e nossos “como vamos chegar lá? No que acreditamos?”
Pare um pouco e tente estabelecer o seu. Que o meu sirva de exemplo:
Visão (Futuro): Ter conhecimento para compartilhar.
Missão (Agora): Buscar conhecimento nas coisas físicas e espirituais, lendo bons livros, fazendo viagens, me relacionando. Amando a Deus sobre todas as coisas, aberta as surpresas e oportunidades da vida e aplicando o conhecimento adquirido diariamente.
Valores: Sabedoria nos meus pensamentos e atitudes, liberdade de alma, humildade no tratamento, desprendimento para servir o próximo, lealdade para com os que me rodeiam e aprendizado constante.
(Por isto que eu quero marketing, porque ele organiza meus devaneios, meus sonhos e quem sou. Assim de forma simplória e muito prática.)
Agora pregue na porta do seu guarda-roupa, no banheiro, no Orkut, no seu blog. Pense todos os dias neles, e não deixe de reavaliá-lo e adequá-los sempre. Faz bem!
Mas, e o que esta brincadeira tem haver com recrutamento e seleção? Simples, grossamente falando, se o seu MVV ‘bate’ com o da empresa, provável que falarão a mesma língua e caminharão coladinhos para o crescimento da empresa, não é máximo?

Voltando pra área profissional, achei esse artigo, que me pareceu interessante num primeiro momento e que trata deste mesmo assunto.http://www.administradores.com.br/artigos/qual_e_sua_missao_visao_e_valores/23822/

Beijos!

Jun 21, 2009

Voltar a escrever.
É tanta história, tanta vida pra contar.
Essa inspiração sangrenta me mata, é só sentir jorrar um pouco de sangue do coração que corro pro blog. Ow diário gostoso. Sinto-me no divã, contando minhas peripécias, mas com algum receio por ele está na internet. E se eu escrevesse num diário de papel? Hoje não teria a menor graça, porque a graça é compartilhar. E já que o bolso não deixa que seja com o psicanalista para que eu receba os diagnósticos, se é que isto é realmente necessário, que seja com este mundo cibernético.
Estes dias fui a feira do livro aqui da cidade, sozinha no começo, rodei stand por stand. Curiosa e saudosista. Abri livros, conferi valores, li vários prefácios e alguns resumos. Lembrei da minha faculdade de jornalismo e morri de saudade. Parei no stand de livros relacionados a imprensa e quase me emocionei. Como eu amava ler, como eu amava escrever. Eu estava beirando ser ‘cult’.
Vendo aquelas livros de história, sobre o Tropicalismo, Ditadura Militar, Machado de Assis, me senti mal pelos livros ‘comerciais’ que carregava na bolsa ...mal mesmo. Pra onde vai tudo que faço? Para quem? Por quem? Pra que? Senti-me meio inútil. Trabalhando pro consumo. Gerando demanda. Criando necessidades que talvez você nem tenha. Fria e superficialmente falando, eu sou ruim. Olha onde eu me meti. Mas passou. Ao chegar no stand do SENAC, meu coração aliviou um pouco mais, olhei alguns livros de design, moda, vinho e culinária, voltei a realidade. Não sou tão ruim assim vai. Temos que me sustentar e tudo que eu quero é só que ao ir trabalhar em uma das cidades que temos hotel, você fique no nosso, ou que, você passe um fds com sua namorada em um dos nossos hotéis. Pensa, não é tão ruim é? Ai que crise. Tô no quarto e último ano de marketing, praticamente com o diploma na mão pensando, nossa, mas eu amo escrever. Por que trabalho com marketing?
Enfim, passei o fds pensando nisso. Tô levando minha vida erradamente, não to honrando meus sentimentos (adoro trabalhar com texto, amo quando são publicados ou qd os clientes elogiam), meus talentos (se é que tenho mesmo..rs), o que fazer?
Hoje a noite, depois do filme A Mulher Invisível, muito bem escrito por sinal, sentada no Pé de Açai, tomando um bom caldo verde com minha amiga Nani, que elogiava meus textos, tirei a conclusão: vou escrever! Que não seja pra ganhar dinheiro, que não seja pra ninguém ler, que não seja minha profissão. Mas, não posso mais me privar de escrever por conta do tempo que dedico a minha profissão e a faculdade ou por achar que não vai me levar a lugar algum. Gosto e ponto. Quero pensar em coisas diferentes, ler sobre coisas diferentes como na época que estudava jornalismo.
Ah! E quero recomeçar o curso de jornalismo também. =]

Jun 20, 2009

Quem?
Quando pequena era calada, aos 2 anos mal sabia falar. Observar era minha rotina. Todos os dias no recreio eu olhava pros outros sem parar. Lembro de pensamentos mesmo quando muito pequena. Lembro da unha da minha professora da alfabetização, do suor das mãos do João Cleber, dos óculos da Gabriela, do Cabelo da Manu.
Era gordinha, ou melhor, fortinha como o Garfield, mas não sabia me defender. Tudo que eu sabia era xingar de viado, mas na época isso ainda era xingamento (juro que não era preconceito, eu nem sabia o que queria dizer, só sabia que era minha única forma de ver os meninos ofendidos).
Era (ou pelo menos me achava) a patinho feio. Conheci Deus. Senti, tentei entender, e resolvi apenas ser filha, assim de forma descompromissada. Aprendi a dançar na rua, com as amigas e com o tchan, escondida da minha mãe, claro, que me ensinava o tempo todo o valor de coisas mais profundas. Aos nove embelezei. Me arrumei pro patins e ganhei um coro by Mamonas Assassinas “Mina, seus cabelo é da hora, seu corpão violão..” dos amiguinhos que antes me apelidavam. Aos me onze, tomando banho de chuva na rua percebi que eu não era mais tão menina assim, o rapaz me elogiou e meu coração gelou.
Beijei um menino, mas queria seu irmão. Que confusão. Nem sabia o que estava fazendo. Meu sonho era um surfista. Morava no Icaraí e achava lindo alguém levando uma prancha, sem prancha eu não queria mais.
Fui ficando inteligente. No meio de uma família inteligente e geniosa, precisava do meu lugar ao sol. Então entendi que o negócio era colocar a boca no trombone e falar o que tinha dentro de mim.
Comecei a ir a acampamentos do king kids, que delicia. Aprendi a controlar minhas pernas e braços e a encaixar Deus no meu dia. Minha primeira viagem de avião.
E disso veio várias viagens, várias coreografias, vários amigos, vários aprendizados, vários admiradores. Virei a professorinha! Que idéia feliz.
Namorei, nem sei como nem porquê, mas comecei. Aos treze. Nem queria beijar. Sabia que ia voar.
E voei. Curitiba... Entendi que o era bruxaria, escola pública, rock in roll e cultura européia. Cativei e fui cativada. Ri pra caramba, aprendi jogar futsal e handebol, joguei no time da escola e conheci o Tadeu. Convivi com outros adolescentes, morei em várias casas.
Até chegar no 3° ano, pelas minhas contas foram 17 escolas, uma confusão que eu adorava, era sempre a atração da sala, a novata, sempre a carne nova do pedaço. Essas mudanças me transformaram em um alguém open to world, que barato!
Conheci tanta gente, morei em tantos lugares, habitei em tantos corações. Já ganhei cartas, rolos de homenagem, serenata e carro de som fazendo prova de amor. Amada mesmo.
Descobri a cachaça, o beijo sem compromisso, a festa e a Natacha. Cada descoberta. Fui trabalhar no shopping e peguei trauma. Odeio este lugar.
Descobri o que é fazer amigos em um lugar e ficar. Descobri minha prima. Descobri que eu era profunda. Queria ser antropóloga, socióloga, jornalista, educadora física, dançarina. Isso é que dar transitar em vários mundos. Transformo-me em bacharel em marketing, uma escolha mais ampla digamos assim.
Reggae, praia, sol, mar, curtição, viagem....muita viagem. Aprendi a amar o reggae. A admirar melodias. Reggae francês e africanos são meus prediletos.
A inquietude bate e bufo, caio em Ribeirão Preto. Terra da cana de açúcar. De cafezinho e cigarro. De vida tranqüila e sem assaltos. Do crescer como pessoa e como profissional. Dividir apto com amigas, brigar, fazer as pazes, rir muito, fazer o que quiser e chorar com as contas nas mãos. Dá de cara com o problema e nem pensar em pedir pra voltar.
Pessoas diferentes, comportamentos confusos, descobertas infinitas. Internas e externas. Descobri-me pseudopaty, adoro roupa boa, carro bom, perfume bom, casa boa, cama boa, namorado bom. Não tenho quase nenhum, mas admiro todos. Agora faço unha e cuido do cabelo. Ando de salto e desfilo por ai. Vou pra balada mas nem gosto tanto assim. Adoro filme, viagem, praia, serra, frio, calor. Descobri que amo pão 12 grãos, arroz e hambúrguer integral. Salada e azeite. Gelatina e capuccino. Quanta coisa!
Conheci mais um pouco do Brasil. Hotelaria é quase um sonho. Agora sei andar de metrô em São Paulo, conheci todo o sul, serras frias de SP e suas praias também. Goiânia, centro-oeste, feiras,compras, roupas, sapatos, tudo no preço, já te indico rua boa pra comprar.
Pra repetir, viajar é multiplicar a vida. É ser múltipla mesmo. É ter capacidade de pensar por mais. Se colocar no lugar de mais. Isto renova, transforma.
Vivo até aqui numa esperança absurda no amanhã. Por isto ansiosa. Me controlo todo dia com um mantra quase que budista, tentar pensar no hoje, fazendo o melhor agora, deixar o amanhã por conta dele mesmo. E fazendo tudo de melhor em todos os aspectos. Ensinamento da Maria Fernanda, atual companheira de apto.